Se você é empresário e ainda não parou para entender o que é split payment, é bom se antecipar, porque esse termo vai ganhar cada vez mais espaço nas conversas sobre gestão tributária nos próximos anos.
Em linhas gerais, o split payment é um modelo de arrecadação de impostos que muda completamente a lógica atual: em vez de o tributo ser pago depois da venda, ele é separado automaticamente no momento da transação, e enviado direto para os cofres públicos.
Essa proposta, que faz parte da nova Reforma Tributária, promete simplificar o sistema, reduzir fraudes e trazer mais previsibilidade para o governo. Mas o impacto não é só institucional. Para as empresas, especialmente as pequenas e médias, o split payment representa uma mudança profunda na rotina financeira e operacional.
Se por um lado ele reduz a burocracia e o risco de erros fiscais, por outro, levanta alertas sobre fluxo de caixa, adaptação tecnológica e planejamento tributário. E quanto antes sua empresa entender esse novo cenário, mais preparada estará para se adaptar e até se beneficiar dessa virada de chave.
Índice
O que é o Split Payment e Como Funciona na Prática?
No modelo atual, quando uma empresa realiza uma venda, o cliente paga o valor total da transação: produto, serviço e imposto juntos. Depois, é a empresa que precisa calcular o tributo devido, gerar a guia e fazer o pagamento ao governo em data posterior. Esse processo abre brechas para atrasos, erros e até sonegação.
Com o split payment, essa lógica muda radicalmente. O sistema “divide” o pagamento no momento em que a venda é feita:
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Uma parte vai diretamente para o vendedor/fornecedor, referente ao valor líquido da venda;
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A outra parte, correspondente ao valor do imposto, é repassada automaticamente ao governo, no exato momento da liquidação financeira.
Ou seja: o recolhimento imposto “sai do controle” do empresário. Ele não passa mais pelo caixa da empresa, vai direto para o fisco. Isso torna a arrecadação mais eficiente, reduz fraudes e erros contábeis, e ainda diminui a burocracia para o contribuinte, que não precisa mais se preocupar em calcular e pagar o imposto depois.
Esse sistema, que já é usado em alguns países da União Europeia, está previsto para começar a ser implementado no Brasil a partir de 2027, dentro do novo arcabouço da Reforma Tributária (Lei Complementar nº 214/2025). Mas a adaptação começa agora.
Os Dois Modelos Previstos: Split Inteligente e Split Simplificado
A Lei Complementar nº 214/2025 prevê duas formas diferentes de aplicar o split payment no Brasil, cada uma pensada para perfis distintos de contribuintes: o split inteligente (ou padrão) e o split simplificado.
Split Inteligente – o modelo padrão
Esse será o modelo obrigatório para transações entre empresas contribuintes do novo sistema tributário, ou seja, para a grande maioria das operações entre pessoas jurídicas.
Funciona assim:
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O sistema de pagamento da empresa será integrado ao banco de dados da Receita Federal e do Comitê Gestor do IBS;
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No momento da venda, o sistema calcula automaticamente o valor do imposto devido (CBS e IBS);
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O valor é dividido na hora: o imposto vai direto para o governo e o restante para o fornecedor.
Esse modelo exige automatização e integração em tempo real entre as empresas, os sistemas financeiros e o fisco. Por isso, o split inteligente exige que a infraestrutura tecnológica das empresas esteja preparada.
Split Simplificado – o modelo opcional
Esse será voltado para pessoas físicas ou empresas que não sejam contribuintes regulares de IBS e CBS, como quem vende de forma esporádica ou opera em menor escala.
Aqui, não há necessidade de calcular o tributo em cada transação. Em vez disso, aplica-se um percentual fixo (definido pela Receita e pelo Comitê Gestor) diretamente sobre o valor da operação.
Esse modelo é mais simples, ideal para quem não tem estrutura para sistemas complexos, mas ainda assim precisa operar dentro da nova lógica fiscal.
Benefícios Prometidos com o Split Payment
A proposta do split payment vai além de automatizar o repasse de tributos — ela representa uma mudança de mentalidade na relação entre empresa, imposto e Estado. E os benefícios prometidos são relevantes, tanto para o governo quanto para o contribuinte.
Para o governo: mais arrecadação e menos sonegação
- Ao eliminar a etapa em que o imposto “passa pela empresa”, o sistema reduz drasticamente os riscos de fraude, inadimplência e omissão de informações.
- A arrecadação se torna imediata e automática, melhorando o fluxo de caixa do próprio Estado.
- Facilita auditorias e cruzamento de dados, já que cada operação será registrada em tempo real.
Para as empresas: menos burocracia e mais previsibilidade
- O empresário não precisará mais calcular e recolher o imposto manualmente após cada venda.
- Erros fiscais e multas por falhas operacionais tendem a diminuir, pois o sistema será parametrizado.
- Facilita o controle contábil e torna os relatórios mais confiáveis.
- Auditorias serão mais simples e objetivas, já que os dados fiscais e financeiros estarão totalmente integrados.
Para o ambiente de negócios: mais transparência
- A adoção do split payment aumenta a confiança no sistema tributário, principalmente entre empresas que atuam com contratos públicos ou operações de maior volume.
- A previsibilidade na arrecadação também favorece políticas públicas mais eficientes, pois o governo passa a contar com dados mais precisos e imediatos sobre a economia real.
Em tese, o split payment é visto como uma ferramenta de modernização do sistema tributário que pode beneficiar todos os lados, desde que a implementação seja feita com estratégia e suporte adequado.
Os Principais Desafios Para as Empresas (Especialmente as PMEs)
Apesar das promessas de modernização e simplificação, o split payment também traz desafios concretos, especialmente para pequenas e médias empresas, que muitas vezes não contam com a mesma estrutura tecnológica e financeira de grandes corporações.
Impacto no fluxo de caixa
Hoje, muitas empresas recebem o valor integral da venda e, depois, se organizam para pagar os tributos no prazo legal. Com o split payment, essa dinâmica muda:
- O valor do imposto não entra mais no caixa da empresa.
- Em vendas parceladas, o sistema será configurado para dividir também o imposto proporcionalmente às parcelas, mas ainda assim, o valor líquido recebido será menor.
Para negócios que já operam no limite da margem ou dependem de giro constante, isso pode gerar pressão financeira real.
Necessidade de atualização tecnológica
Para que o modelo funcione corretamente, será exigida uma infraestrutura tecnológica integrada com:
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Sistemas internos de gestão e ERPs
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Plataformas de pagamento
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Receita Federal e Comitê Gestor do IBS
Essa integração exige investimento em tecnologia, segurança da informação e automação, o que pode ser um desafio, principalmente para PMEs com baixa maturidade digital.
Aumento da complexidade operacional
O split payment exige que todas as transações estejam acompanhadas de documentos fiscais digitais e dados precisos. Isso significa:
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Maior rigor na emissão de NF-es
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Sistemas alinhados com exigências fiscais e bancárias
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Treinamento contínuo das equipes administrativas e contábeis
Para empresas que não se prepararem, o risco de inconsistências, bloqueios e autuações pode aumentar.
Em outras palavras: o split payment simplifica o sistema em teoria, mas exige profissionalismo e estrutura para funcionar na prática, o que pode ampliar o abismo entre empresas preparadas e aquelas que ainda operam com baixa automação.
Como se Preparar Para o Split Payment Desde Já
A implementação do split payment está prevista para começar em 2027, mas as empresas que esperarem até lá para agir correm sério risco de ficarem para trás. A transição exige planejamento, investimentos e mudança de mentalidade — e quanto antes você se preparar, menos impacto e mais oportunidades terá no caminho.
Veja como sua empresa pode começar a se adaptar agora mesmo:
1. Atualize seu sistema de gestão (ERP)
O split payment exigirá que os sistemas da empresa estejam integrados com plataformas de pagamento, Receita Federal e o Comitê Gestor do IBS.
Se seu ERP atual não conversa com o fisco, ou se você ainda faz controles por planilha, é hora de repensar a estrutura.
2. Treine sua equipe fiscal e contábil
Essa mudança é estratégica. Sua equipe precisa entender:
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Como funcionará a nova lógica de pagamentos
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O impacto sobre caixa, precificação e planejamento tributário
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Como evitar inconsistências na emissão de documentos fiscais
Um time bem treinado evita erros que podem custar caro no novo modelo.
3. Reavalie o fluxo de caixa da empresa
Com o imposto sendo retirado da transação no momento da venda, o valor líquido a entrar no caixa será menor.
Você precisará adaptar:
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Sua política de prazos com fornecedores
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Sua margem de precificação
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E seu cronograma de obrigações financeiras
4. Conte com uma contabilidade estratégica e atualizada
No novo cenário, ter uma contabilidade que apenas “emite guias” não será suficiente.
Você vai precisar de um parceiro que:
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Esteja por dentro das mudanças legais
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Tenha estrutura digital integrada
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E possa antecipar riscos e propor soluções reais
Lembre-se: quanto antes sua empresa entender e se adaptar ao split payment, maior será a sua vantagem competitiva nesse novo ambiente tributário.
Split Payment Não É o Futuro — É o Presente que Exige Ação
O split payment marca uma virada de chave na forma como o Brasil arrecada tributos. A proposta vai muito além de uma simples inovação técnica, ela representa uma mudança profunda na relação entre empresas, impostos e governo.
Para os empresários, especialmente os de pequenas e médias empresas, essa transformação traz uma mensagem clara: quem se antecipa, lidera.
A adoção do split payment promete reduzir a burocracia, aumentar a transparência e diminuir o risco de erros fiscais, mas também exige preparo, tecnologia e visão estratégica. Empresas que ainda operam de forma manual, sem automação contábil ou gestão financeira estruturada, sentirão mais intensamente o impacto da transição.
Por outro lado, quem investe em conhecimento, atualiza seus sistemas e capacita sua equipe desde agora, estará pronto para operar com mais segurança, eficiência e competitividade quando o novo modelo entrar em vigor.
Na Conexão Contábil, já estamos acompanhando cada passo da Reforma Tributária e nos preparando para orientar nossos clientes com clareza, segurança e objetividade. Nosso papel é ajudar sua empresa a se adaptar, não apenas para cumprir regras, mas para enxergar oportunidade onde muitos verão apenas dificuldade.
Se você quer estar pronto para o split payment e transformar o desafio em vantagem estratégica, fale com a gente. Vamos juntos preparar sua empresa para o futuro da tributação no Brasil. Fale agora mesmo com um dos nossos especialistas.