Você fez tudo certo: declarou dentro do prazo, juntou comprovantes, revisou dados… mas quando conferiu o valor da restituição do Imposto de Renda em 2025, veio a surpresa: veio menor que no ano passado.
Essa é uma situação mais comum do que parece e nem sempre significa que houve erro. A restituição do IR pode variar bastante. Ela depende de uma série de fatores: sua renda ao longo do ano, os impostos que já foram pagos, as despesas dedutíveis que você informou e até mudanças na legislação tributária.
Neste artigo, vamos explicar por que sua restituição pode ter diminuído em 2025, mesmo que aparentemente nada tenha mudado. E mais: vamos te mostrar como identificar o que aconteceu e como evitar esse tipo de surpresa no futuro.
Índice
Motivo 1: Variações na sua renda podem reduzir a restituição
A restituição do Imposto de Renda é uma devolução daquilo que você pagou a mais ao longo do ano. Por isso, se o valor restituído foi menor em 2025, uma das primeiras coisas a observar é se houve mudanças na sua renda ou na forma como o imposto foi recolhido.
Veja os principais pontos que podem ter influenciado:
Aumento da sua renda tributável
Se você recebeu mais do que no ano anterior seja por aumento de salário, bônus, comissões, ou mesmo novas fontes de renda como aluguéis, é possível que tenha passado para uma faixa de tributação mais alta. Isso significa mais imposto devido e, consequentemente, menos imposto a restituir.
Menor retenção de imposto na fonte
Se a empresa onde você trabalha passou a reter menos imposto do seu salário mês a mês, o valor “pré-pago” ao longo do ano foi menor. E como a restituição é baseada nesse saldo entre o que foi pago e o que é devido, o resultado final pode ter sido reduzido.
Rendas recebidas sem retenção de IR
Trabalhos como autônomo, aluguel de imóveis, ou qualquer outra atividade sem retenção de imposto na fonte aumentam a base de cálculo, mas não contribuem com pagamentos antecipados. Isso também impacta o valor da restituição.
Motivo 2: Diminuição das despesas dedutíveis
Outro fator que impacta diretamente no valor da restituição é a quantidade de despesas dedutíveis declaradas. Essas despesas reduzem a base de cálculo do imposto e quanto menor a base, menor o imposto devido. Logo, menos deduções significam menor restituição.
Veja os casos mais comuns:
Menos gastos com saúde
Despesas médicas, como consultas, exames, internações e planos de saúde, não têm limite de dedução. Se em 2024 você teve altos gastos com saúde e, em 2025, quase nenhum, isso por si só pode explicar uma restituição menor.
Redução de gastos com educação
As despesas com ensino (fundamental, médio, superior ou técnico) têm limite anual por dependente. Se você ou seus filhos concluíram algum curso, ou se houve uma pausa nos estudos, essa dedução desaparece.
Mudanças na quantidade de dependentes
Cada dependente gera uma dedução fixa na declaração. Se um filho completou a idade limite, saiu de casa ou passou a declarar por conta própria, você perde esse valor na sua base de cálculo. O mesmo vale para outros dependentes, como cônjuge ou pais.
Contribuições menores à previdência privada (PGBL)
As contribuições ao plano PGBL podem ser deduzidas até o limite de 12% da renda tributável anual. Se você reduziu os aportes ou deixou de contribuir, o impacto é direto na sua restituição.
Pequenas mudanças nessas áreas, somadas, podem gerar uma diferença significativa no valor final da restituiçã mesmo sem que sua renda tenha mudado muito de um ano para o outro.
Motivo 3: Mudanças no modelo de declaração ou na legislação
Nem sempre a redução na restituição tem a ver com sua renda ou seus gastos. Às vezes, o que muda é a forma como o imposto é calculado, seja por alterações na legislação tributária ou por uma escolha diferente no modelo de declaração.
Atualizações na tabela do IRPF
O governo pode revisar as faixas de isenção e as alíquotas do Imposto de Renda. Mesmo que você tenha mantido o mesmo salário, uma mudança na tabela pode afetar o valor do imposto devido e, por consequência, a restituição. Em 2025, por exemplo, ajustes recentes na faixa de isenção impactaram o cálculo para muitos contribuintes.
Escolha entre modelo completo ou simplificado
A Receita Federal permite dois formatos de declaração:
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Modelo completo: utiliza todas as deduções legais com saúde, educação, previdência privada, dependentes, entre outras.
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Modelo simplificado: aplica um desconto-padrão de 20% sobre os rendimentos tributáveis (limitado a R$ 16.754,34), dispensando a necessidade de detalhar despesas.
Se em um ano suas despesas dedutíveis foram altas e você usou o modelo completo, e no ano seguinte teve poucos gastos e optou pelo modelo simplificado (ou vice-versa), o valor da restituição pode mudar significativamente. O sistema da Receita faz essa simulação automaticamente, mas o resultado varia conforme os dados informados.
Motivo 4: Erros ou omissões na declaração
Mesmo sem perceber, é comum que alguns contribuintes cometam pequenos deslizes ao preencher a declaração. E, por mais simples que pareçam, esses erros podem afetar diretamente o valor da restituição ou até levar à malha fina.
Omissão de rendimentos
Deixar de declarar alguma fonte de renda, como um trabalho temporário, aluguéis recebidos, pensão ou rendimento de investimentos, pode alterar todo o cálculo do imposto. A Receita cruza dados com bancos, empresas e instituições, e ao identificar essa omissão, ela pode recalcular o valor devido e reduzir (ou até cancelar) a restituição.
Despesas dedutíveis não informadas
É fácil esquecer de lançar um gasto com saúde, uma mensalidade escolar ou uma contribuição à previdência privada. Quando isso acontece, o sistema não considera a dedução o que aumenta o imposto a pagar e diminui o valor a restituir.
Dados inconsistentes
Informações como CPF de dependentes, CNPJ de instituições de ensino ou clínicas médicas, valores divergentes entre o que você informou e o que foi declarado por terceiros… tudo isso pode levar o sistema da Receita a considerar a dedução inválida, mesmo sem avisar de imediato.
Se a restituição veio menor do que o esperado e você suspeita de erro, é possível consultar a declaração detalhada no portal e-CAC, ou, se necessário, fazer uma retificação corrigindo os dados, desde que não esteja em malha fina já processada.
Como evitar surpresas na restituição nos próximos anos?
Se a sua restituição veio menor em 2025, o melhor que você pode fazer agora é aprender com o que aconteceu e se preparar melhor para o futuro. Pequenos cuidados ao longo do ano fazem toda a diferença na hora de declarar.
Veja o que ajuda a garantir uma restituição mais previsível (e, em muitos casos, maior):
- Organize seus documentos com antecedência: Mantenha todos os comprovantes de rendimentos, despesas médicas, escolares, previdência, doações e outros recibos organizados ao longo do ano. Isso evita erros e garante que nenhuma dedução fique de fora.
- Faça simulações antes de enviar a declaração: Utilize o programa da Receita ou ferramentas especializadas para comparar o modelo completo e o simplificado. Ver qual deles oferece maior restituição pode evitar arrependimentos depois do envio.
- Preste atenção nas mudanças de regras: Todos os anos podem ocorrer atualizações na tabela do IR, limites de dedução ou exigências específicas. Ficar atento evita surpresas no cálculo final.
- Fale com um contador: Contar com um profissional contábil experiente ajuda a identificar oportunidades de economia, evitar erros e declarar de forma mais segura. Na Conexão Contábil, orientamos você desde a organização da documentação até o envio da declaração mais vantajosa.
O que fazer se a restituição veio menor do que o esperado?
Se o valor da sua restituição foi mais baixo do que o previsto, o primeiro passo é verificar com calma a sua declaração. Em muitos casos, o motivo está em detalhes que passaram despercebidos e que podem ser corrigidos.
Acesse o e-CAC e consulte sua declaração
O portal e-CAC da Receita Federal permite que você consulte o processamento da sua declaração. Lá, é possível verificar:
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Quais informações foram consideradas;
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Se houve pendência ou inconsistência detectada;
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Se alguma dedução foi desconsiderada.
Compare com o ano anterior
Revisar a declaração do ano anterior pode ajudar a identificar o que mudou: menos deduções? mais renda? novo modelo de declaração? Com essas comparações, fica mais fácil entender se a diferença no valor da restituição é justificada.
Retifique a declaração, se necessário
Caso você identifique algum erro ou omissão (como um rendimento esquecido ou uma despesa dedutível não incluída), é possível corrigir a declaração por meio de uma retificadora. O processo é simples, feito no próprio programa da Receita.
É importante lembrar: a retificação só é permitida antes da declaração entrar em malha fina ou após a liberação da restituição. Se a Receita já tiver analisado e ajustado sua declaração, não será mais possível modificar os dados por conta própria.
A restituição veio menor? Talvez ela só esteja mais precisa
Quando o valor da restituição cai, é natural desconfiar que algo está errado. Mas, em muitos casos, a resposta é simples: o cálculo está apenas mais ajustado à sua realidade atual.
O Imposto de Renda funciona como uma conta de equilíbrio. O que você pagou a mais ao longo do ano, por meio da retenção na fonte, é comparado com o que efetivamente deveria ter pago. E o que sobrar, é devolvido.
Se sua renda aumentou, suas deduções caíram ou houve algum detalhe novo no preenchimento da declaração, o valor final da restituição muda. Às vezes, para menos.
Por isso, a melhor forma de garantir tranquilidade é entender o processo e se planejar ao longo do ano. A restituição não é um prêmio é o resultado de uma boa gestão fiscal.
E se você quer evitar erros, perder dinheiro ou cair na malha fina, conte com quem entende do assunto. A equipe da Conexão Contábil está pronta para analisar sua declaração com atenção e te ajudar a aproveitar ao máximo os benefícios legais — sem surpresas.